sábado, 24 de julho de 2010

Crônica: Bicho de saudade
Aconteceu comigo! Ele tinha um olhar cheio de atitude, aquele olhar assim...meio de lado...que só de ver, sentia arrepios, era a própria soberania, olhar do qual me recordo com saudade e carinho; e que falta me faz aquelas “mordidas e lambidas” disciplinares.
Dizem que os animais são guiados pela energia, ainda bem que o mundo é povoado somente por animais, por isso temos condições de usarmos todos, a mesma forma de expressão, criada por essa energia. É claro que digo isso na forma mais amena da expressão” animal” porque ser um, é declarar o amor a Deus, que criou todas as criaturas.
A fêmea me amamentou, cuidou com sua vida da minha segurança. Ele, saia todos os dias para trazer a caça que me alimentava e que custeava todos os meus caprichos. Minha tarefa era de ser feliz enquanto eles estrategicamente pensavam num jeito de me manter assim para sempre, ou pelo menos, o máximo de tempo possível.
Hum...mas eu cresci, mesmo sem eles quererem, comecei a ganhar território, ora impaciente pela falta de ritmo que eles agora obedeciam pelos seus velhos passos, irritado, pela sua inteligência limitada, “careta”, pouco sagaz. Eles agora me olham com aquele olhar menos brilhante, mais cabisbaixo, submisso num canto menos importante da casa e eu...soberano!
É...mas o tempo passa, o universo obedece a lei irreversível da evolução das espécies, a mesma lei que conta regressivamente os nossos dias de vida. Pensamos que estamos crescendo, construindo,ampliando, expandindo...será? Então para onde eles foram, e por que eu estou me sentindo tão só...sentindo saudade, sentindo falta...
(Rosa Lopes)

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