quinta-feira, 14 de julho de 2016


ARTIGOS SOBRE O MODERNISMO BRASILEIRO


AULAS DE 13 a 26

É inestimável o legado que o Modernismo deixou para o campo das artes no Brasil. Grande movimento artístico que eclodiu no final da segunda década do século XX, foi responsável por profundas transformações nas mais diversas manifestações artísticas, entre elas, a literatura. Ruptura com o passado, experimentalismo, transgressão dos cânones literários e a busca por uma literatura que falasse do Brasil para os brasileiros, longe da cultura europeizante, são elementos que nortearam o programa modernista.

Impossível falar sobre o Modernismo brasileiro sem citar a Semana de Arte Moderna de 1922, evento realizado em São Paulo que representou um divisor de águas em nossa cultura. Embora não tenha sido o começo do movimento, haja vista que o processo de transformação de nossa arte iniciara no início do século XX influenciado pelas vanguardas europeias, a Semana, que aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, aproximou e apresentou os principais nomes do movimento e chamou a atenção dos meios artísticos de todo país para o debate em torno das novas questões estéticas propostas por seus representantes. Entre seus principais organizadores, Guilherme de Almeida, Paulo Prado, Godofredo Silva Telles, Mário e Oswald de Andrade; esses dois últimos formaram, com o principal poeta modernista, Manuel Bandeira, aquela que ficou imortalizada como a tríade modernista, responsável por definir os novos parâmetros das letras brasileiras.




O Modernismo brasileiro é tradicionalmente dividido em três diferentes fases: a primeira fase modernista, também conhecida como fase heroica; a segunda fase modernista, representada pela poesia e pelo romance de 1930, e a terceira fase modernista (alguns críticos literários consideram os escritores da última fase como pós-modernos), também conhecida como a geração de 45. Graças a nomes como Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, entre outros, a literatura brasileira pôde, de fato, estabelecer-se como uma manifestação artística genuinamente brasileira, manifestação que contribuiu para a formação de nossa identidade cultural.

Para que você conheça todas as características do Modernismo brasileiro, suas diferentes fases, seu contexto histórico, seus escritores e principais obras, o Brasil Escola preparou textos onde você encontrará tudo o que precisa saber sobre o mais importante movimento artístico do século XX, movimento que definiu os rumos da arte e da literatura brasileira. Não deixe de conferir todo o conteúdo disposto logo mais abaixo! Boa leitura e bons estudos!


Por Luana Castro no site Brasil Escola
Graduada em Letras

ARTISTAS DA ARTE MODERNA

Falar sobre os artistas da Arte Moderna significa falar sobre o maior evento que marcou a história da arte brasileira. Tal evento, conhecido como a Semana de Arte Moderna, ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922.

Partindo dessa data (1922), começamos a compreender os reais propósitos firmados mediante o histórico acontecimento. Afinal, por que 1922? Essa é a data em que o Brasil comemorou seu primeiro centenário da Independência, embora essa independência em nada tenha transformado os planos político, econômico ou cultural. Dessa forma, desde o período que antecedeu a Semana de 1922, conhecido como Pré-Modernismo, houve uma reação por parte da classe artística em revelar um Brasil visto sob o plano real, longe do idealismo pregado pela era romântica. Um Brasil dos marginalizados, indo desde o sertão nordestino até os subúrbios cariocas. Não por acaso, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, entre outros, souberam expressar sua insatisfação mediante as mazelas que corrompiam a sociedade daquela época – de um lado o progresso industrial oriundo da expansão do capitalismo, de outro a massa dos excluídos, formada pela classe operária que, cada vez mais organizada, realizava intensas greves.

Nesse clima de euforia, imbuídos no propósito de operar mudanças, sobretudo influenciados pelos movimentos vanguardistas, é que os artistas expressaram seus posicionamentos ideológicos por meio de suas criações, seja na pintura, música, escultura, literatura, entre outras formas de arte. Nesse sentido, vejamos os dados biográficos inerentes a alguns deles, a começar por:

Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Rosalia de Sena,
nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1976 naquela mesma cidade. Seu talento artístico começara em 1908, em São Cristóvão, bairro de classe média para o qual a família se mudara.

Anos mais tarde, em 1914, iniciou sua carreira de caricaturista. Em 1916, matriculou-se na escola Livre de Direito, mudando-se para São Paulo e levando consigo uma carta de Olavo Bilac para o jornalista Nestor Rangel Pestana, crítico de arte do Estadão. Com isso, empregou-se como arquivista no jornal O Estado de São Paulo.

Di Cavalcanti foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, participando da criação dos catálogos e dos programas, além de ter exposto doze pinturas. Entre sua vasta obra, podemos citar:

Viagem da Minha Vida – O Testamento da Alvorada (1955) e Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (1964).

Ilustrou numerosos livros, entre os quais: Carnaval, de Manuel Bandeira, 1919; Losango Cáqui, de Mario de Andrade, 1926; A Noite na Taverna e Macário, de Alvares de Azevedo, 1941; etc.

Executou murais em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo e editou álbuns de gravuras, tais como Lapa, xilogravuras, 1956; Cinco Serigrafias, 1969 e Sete Flores, com texto de Carlos Drummond de Andrade, 1969.

Ismael Nery

Ismael Nery nasceu em Belém do Pará em 1900 e faleceu em 1934 na cidade do Rio de Janeiro. Esse artista não defendia a ideia de nacionalidade como os artistas de sua época; ao contrário, estendia sua expressão artística em seu sentido mais amplo, entrelaçando todas as correntes de pensamento. Sua carreira como pintor não lhe rendeu o merecido reconhecimento por parte do público, uma vez que não chegou a vender mais que uma centena de quadros, expostos somente em dois eventos. Ao contrário de sua produção enquanto desenhista, que, segundo a opinião de especialistas, era melhor que sua pintura.

Costuma-se dividir a obra desse nobre artista em três vertentes: a expressionista, indo de 1922 a 1923; a cubista, de 1924 a 1927, sob forte influência de Pablo Picasso; e a Surrealista, demarcada de 1927 a 1934, sua fase mais importante e promissora.

Lasar Segal

Lasar Segal nasceu em 21 de julho de 1891, na cidade de Vilna, capital da Lituânia. Faleceu em 2 de agosto de 1957 na cidade de São Paulo, deixando um vasto acervo que enfatiza não somente a beleza, mas sobretudo a miséria que presenciara durante toda sua jornada. Para Segal a pintura estática não lhe satisfazia, haja vista que nela era preciso fazer algumas distorções de modo a retratar a realidade – propósito esse que o levou a aproximar-se do Expressionismo. Depois de rápida estada na Holanda, partiu para o Brasil, onde organizou duas exposições: uma em São Paulo e outra em Campinas.

Mais que um pintor, considerado também como um verdadeiro sociólogo, Lasar Segal tinha obsessão pelo ser humano e, por meio dos pincéis, retratou os problemas brasileiros, revelados por cenas familiares, dando ênfase ao interior pobre das casas, bem como aos rostos sofridos de seus habitantes. Cenas essas que retratavam o conformismo de uma sociedade considerada imutável.

Assim sendo, utilizava em suas obras não somente óleo sobre tela, mas também processos de gravura que aprendera na Rússia, tais como a litogravura e a zincografia, os quais conferiam à sua arte um caráter puramente versátil.

Atingido por um ataque fulminante, veio a falecer. Contudo, sua vasta obra permaneceu viva, por meio de um acervo com 2500 obras, local onde funciona uma Biblioteca organizada por sua mulher – escritora e tradutora.

Milton Dacosta

Milton Dacosta nasceu em 1915, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 1988, na cidade do Rio de Janeiro. Aos 14 anos conheceu Augusto Hantz, um professor alemão com quem teve as primeiras aulas de desenho, matriculando-se no ano seguinte na Escola de Belas Artes, frequentando o curso livre ministrado por Augusto José Marques Júnior.

Em 1936, após realizar uma mostra individual, Dacosta se sentiu motivado a se inscrever no Salão Nacional de Belas Artes. Ao expor seus trabalhos, recebeu menção honrosa, ganhando medalha de bronze e prata. Em 1944 recebeu o cobiçado prêmio de uma viagem ao exterior, viajando em 1945 para os Estados Unidos ao lado da pintora Djanira, e de lá seguiu para Paris, onde permaneceu por dois anos.

A pintura desse artista, evoluída aos poucos, atingiu grandes patamares. Primeiramente se identificou com o Impressionismo, indo sequencialmente para o Expressionismo, Cubismo, Concretismo, e voltando para o Cubismo novamente, por opção definitiva. Casou-se em 1949 com a também pintora Maria Leontina, cuja união perdurou por 37 anos. Juntos participaram de Bienais, viajaram para o exterior para cursos de aperfeiçoamento, e juntos cresceram na missão de tornar o mundo ainda mais belo por meio de seus trabalhos.

Anita Malfatti

Anita Catarina Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, em São Paulo. Filha de Samuel Malfatti e de Elisabete, era pintora, desenhista e falava vários idiomas, o que lhe rendia uma habilidade cultural vasta.

Chegando a Berlim, em setembro de 1910, começou a tomar aulas particulares no ateliê de Fritz Burger, matriculando-se um ano depois na Academia Real de Belas-Artes. Em 1916 retornou ao Brasil, já com 27 anos, disposta a expressar toda sua arte, especialmente voltada para o Expressionismo.

Assim, por meio de influências de seus amigos modernistas, em especial por Di Cavalcanti, Anita decidiu locar uma das dependências do Mappin Stores e realizar uma única apresentação de seus trabalhos, em 12 de dezembro de 1917.

O que não sabia era que o destino, de forma irônica, lhe reservara um grande infortúnio. Monteiro Lobato, por meio de seu artigo Paranoia ou mistificação, criticou a duras penas o trabalho da artista. Tal intento não era destinado a ela em especial, mas aos modernistas propriamente ditos. O fato lhe abalou profundamente e a fez carregar pelo resto de sua vida um sentimento de total descontentamento frente às coisas que a rodeavam. Seu primeiro instinto foi o de abandonar de vez a arte, contudo passou a tomar aulas com o mestre Pedro Alexandrino, fato que lhes concedeu uma proveitosa e duradoura amizade.

Motivada por amigos, resolveu participar da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no ano seguinte, viajou para Paris, munida de uma bolsa de estudos, onde encontrou Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Vitor Brecheret e Di Cavalcanti. Retornou depois de algum tempo ao solo brasileiro, já com a confiança recuperada, no entanto não estava mais disposta em se aventurar em novas “investidas culturais”.

Anita veio a falecer em 6 de novembro de 1964 em Diadema, estado de São Paulo, local em que morava com sua irmã Georgina, em uma chácara.


Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

AULA 13
ATIVIDADE:
Liste as principais características de cada um dos artistas citados acima (faça-o em tópicos).

A SEMANA DA ARTE MODERNA EM 1922

A Semana de Arte Moderna (1922) é considerada o marco inicial do Modernismo brasileiro.

A Semana ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com participação de artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O evento contou com apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música. A pintora Anita Malfatti e os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia lideraram o movimento que contou com a participação de dezenas de intelectuais e artistas, como Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida entre muitos outros.

Os modernistas ridicularizavam o parnasianismo, movimento artístico em voga na época que cultivava uma poesia formal. Propunham uma renovação radical na linguagem e nos formatos, marcando a ruptura definitiva com a arte tradicional. Cansados da mesmice na arte brasileira e empolgados com inovações que conheceram em suas viagens à Europa, os artistas romperam as regras preestabelecidas na cultura.

Na Semana de Arte Moderna foram apresentados quadros, obras literárias e recitais inspirados em técnicas da vanguarda europeia, como o dadaísmo, o futurismo, o expressionismo e o surrealismo, misturados a temas brasileiros.
Os participantes da Semana de 1922 causaram enorme polêmica na época. Sua influência sobre as artes atravessou todo o século XX e pode ser entendida até hoje.

AULA 14
ATIVIDADE:
Produza um texto - Gênero: Artigo de Opinião/ Tema: A revolução da Semana da Arte Moderna de 1922.



A PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO

O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. a primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e ideias modernistas.

Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira.

Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão.
Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta.

Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de expressar o nacionalismo.

O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras.

A Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural.

Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta, defendiam um nacionalismo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo.
Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

AULA 15
ATIVIDADE:
Explique em uma resenha as diferenças entre os movimentos desta fase da literatura modernista.


O MODERNISMO NO BRASIL - 2ª FASE

A literatura quase sempre privilegia o romance quando quer retratar a realidade, analisando ou denunciando-a.

O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da análise crítica da realidade.
O quadro social, econômico e político que se verificava no Brasil e no mundo no início da década de 1930 – o nazifascismo, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao socialismo – exigia dos artistas uma nova postura diante da realidade, nova posição ideológica.

Na prosa, foi evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira, com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo – Naturalismo do século XIX.
O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados.
Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas, surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.

A poesia da 2ª fase modernista percorreu um caminho de amadurecimento. No aspecto formal, o verso livre foi o melhor recurso para exprimir sensibilidade do novo tempo, se caracteriza como uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento de “estar-no-mundo”, inquietação social, religiosa, filosófica e amorosa.

Dentre os muitos poetas e escritores dessa fase destacamos:

Na prosa:
- Graciliano Ramos
- Rachel de Queiroz
- Jorge Amado
- José Lins do Rego
- Érico Veríssimo
- Dionélio Machado

Na poesia

- Carlos Drummond de Andrade
- Murilo Mendes
- Jorge de Lima
- Cecília Meireles
- Vinícius de Morais.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

AULA 16
ATIVIDADE:
Pesquise e explique a diferença entre verso e prosa. Explique também as diferenças entre versos livres e a metrificação de versos; quais são as métricas possíveis do poema (versificação) e os tipos de rimas utilizados nos versos.


AS CRIAÇÕES DE MANUEL BANDEIRA SOB A ÓTICA MODERNISTA

Não podemos falar sobre Manuel Bandeira sem antes recordarmos o que foi o Modernismo Brasileiro. Este período literário eclodiu com a Revolução Industrial (século XX), pois a mesma foi fruto de uma grande revolução: a Revolução de 30, onde Getúlio Vargas sobe ao poder e a burguesia industrial define um novo rumo para a economia do país, que foi a industrialização.

Com isso, a arte e a cultura também sofreram influências, fazendo com que seus seguidores abrissem caminhos para novas transformações sociais e lutassem por uma literatura genuinamente nacional, baseada na absoluta liberdade de criação.

Os autores que fizeram parte da era modernista tinham como objetivo resgatar as origens culturais, até então alicerçadas nos moldes importados.
Foi então que, em 1922, aconteceu a Semana de Arte Moderna, na qual vários artistas, como escritores, pintores, artistas plásticos, entre outros, expuseram suas criações, todas reunidas em torno de um só objetivo: o rompimento com os modelos conservadores antes difundidos.

Apesar de Manuel Bandeira não ter participado deste evento, contribuiu para a Revista Klaxon, uma das revistas baseadas em ideias revolucionárias perante a situação política que dominava o país naquela época, como também propagadora dos ideais modernistas em voga.

Foi também autor de várias poesias e de textos em prosa como Ritmo Absoluto, contribuindo também para vários jornais e traduzindo peças teatrais.
Analisaremos, pois, uma poesia do referido poeta enfatizando as características modernistas:

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


Manuel Bandeira

Podemos perceber uma crítica acentuada no que se refere ao lirismo exagerado, tanto pregado pelos autores do Romantismo, pois os mesmos abusavam deste instinto melancólico como forma de fugir da realidade.

Critica também os parnasianos, que tanto se prenderam ao vernaculismo e às formas fixas de expressão, como os sonetos. Já o Modernismo valorizava a liberdade de expressão e o uso dos versos livres, inclusive no próprio poema há o predomínio dos mesmos.
E, por último, notamos uma aproximação entre a língua falada e escrita, exprimindo certo coloquialismo, que também era uma característica da estética em estudo.

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

AULA 17
ATIVIDADE:
- Faça uma síntese sobre a Revolução Industrial de 1930, sua relação com a burguesia.
- Pesquise e explique o uso da linguagem coloquial na literatura da época.


OSWALD DE ANDRADE E A ERA MODERNISTA

LITERATURA

Fazendo parte do Modernismo brasileiro, está José Oswald Nogueira de Andrade, nascido em São Paulo e filho de uma rica família, frequentou a Escola Modelo Caetano de Campos, o Ginásio Nossa Senhora do Carmo e o Colégio de São Bento, o qual se formou em humanidades em 1908, ano em que conheceu o poeta Guilherme de Almeida.

Em 1922, ano em que eclodiu a Semana de Arte Moderna, estreou com o romance “Os Condenados”, época também em que se casou com Tarsila do Amaral, sua aliada na fundação do Movimento Antropofágico, um dos manifestos da era modernista que consistia na ideia de “deglutir” toda literatura que não fosse autenticamente brasileira.
Seu segundo romance foi Memórias Sentimentais de João Miramar, estruturado em 163 episódios e construído em forma de flashes, com uma técnica de composição cinematográfica, mesclando poesia, prosa, cartas, diários, trechos de crônicas jornalísticas. Esta técnica era inovadora para a época.

Sua obra foi a única que englobou todas as características modernistas, pois ele conseguiu com sua arte, transgredir, polemizar, quebrar parâmetros preestabelecidos por outros movimentos literários. Foi autor também de poesias, peças teatrais e crítico literário.

Dentre o seu espírito inovador, estava a capacidade de transformar textos da época colonial em poemas críticos e irônicos, justamente para denunciar o repúdio aos portugueses, como forma de negação ao passado, retratando desta forma o lado “social” que se encontrava o país daquela época. Vejamos pois, algumas de suas criações:

Pero Vaz de Caminha
A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra

Os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados

Primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
Oswald de Andrade

Verbo crackar
Eu empobreço de repente
Tu enriqueces por minha causa
Ele azula para o sertão
Nós entramos em concordata
Vós protestais por preferência
Eles escafedem a massa.
Sê pirata
Sede trouxas
Abrindo o pala
Pessoal sarado
Oxalá eu tivesse sabido
Que esse verbo era irregular

Podemos notar que o autor utiliza dos recursos gramaticais para denunciar uma situação social, na qual a desigualdade social já se fazia presente naquela época- “Eu empobreço de repente, Tu enriquece por minha causa”.
Como fator determinante também está a questão da linguagem coloquial, traço característico do período moderno, bem como o predomínio de versos livres.

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

AULA 18
ATIVIDADE:
Faça um resumo explicando as diferenças entre o uso da norma culta/padrão e o uso da norma coloquial/popular, explicando o porquê da necessidade dos autores em mesclar ou preferir o uso da última norma em seus pormas e textos.


SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922

LITERATURA
Evento que marcou para sempre a literatura brasileira e as artes em geral, a Semana de Arte Moderna ajudou a divulgar e a solidificar os ideais modernistas.


Você conhece a história da Semana de Arte Moderna de 1922? Evento que marcou para sempre a arte brasileira, a Semana fez parte das festividades em comemoração ao centenário da Independência do Brasil. Foi considerada como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural de nosso país a favor de um espírito novo e moderno que contrariasse a arte tradicional de teor conservador que predominava no Brasil desde o século XIX.

A Semana de Arte Moderna foi realizada entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O festival contou com uma exposição com cerca de 100 obras de diversos artistas plásticos, entre eles os pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, John Graz, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, Yan de Almeida Prado e Antônio Paim Vieira. A programação musical trazia composições de Villa-Lobos e Debussy, interpretadas por Guiomar Novaes e Ernani Braga, entre outros, e três sessões lítero-musicais noturnas, que tiveram a participação dos literatos e escritores Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Renato de Almeida, Ronald de Carvalho, Tácito de Almeida, além de Manuel Bandeira, que, por motivos de saúde, não compareceu à Semana, mas enviou o poema Os Sapos, lido por Ronald de Carvalho na segunda noite do evento.

Aliás, a leitura do poema de Manuel Bandeira foi considerada como o principal momento da Semana. Com seus versos explicitamente provocativos e polêmicos, Os sapos teceu uma crítica aos parnasianos, grupo que ainda dominava o gosto do público brasileiro. Por esse motivo, o poema foi lido sob protestos da plateia, que reagiu por meio de vaias e gritos, comoção exagerada que acabou interrompendo a sessão.

Os Sapos

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

Manuel Bandeira



Com ideais diametralmente opostos ao Parnasianismo, que prezava a objetividade temática, o culto à forma, a impessoalidade e a “arte pela arte”, os modernistas recusavam a arte tradicional e propunham alinhamento com toda produção artística moderna, sobretudo um alinhamento com as vanguardas europeias – Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo. Tantas inovações em um contexto ultraconservador, no que dizia respeito às artes, naturalmente não seriam bem-vistas, um dos motivos que abafaram a divulgação do evento. A Semana de Arte Moderna não alcançou grande repercussão à época, não merecendo mais do que poucas colunas nos principais jornais de São Paulo, contudo, sua importância histórica foi devidamente reconhecida com o passar dos anos.

Embora não houvesse um projeto artístico em comum que unisse as várias tendências de renovação apresentadas durante a Semana de Arte Moderna de 1922, havia, porém, um mesmo desejo que agregava os artistas: o de combater a arte tradicional. O evento não foi propriamente um acontecimento construtivo de propostas e criação de novas linguagens, mas sim um acontecimento organizado para expor a rejeição ao conservadorismo vigente na produção literária, musical e visual brasileira na segunda década do século XX. Conforme dito por Mário de Andrade em uma conferência realizada em 1942 por ocasião dos vinte anos da Semana de Arte Moderna de 1922, “o Modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi um abandono de princípios e de técnicas consequentes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência nacional”. Essa ruptura drástica proposta pelos primeiros modernistas abriu caminhos para outros escritores e influenciou significamente toda a literatura produzida não só durante o século XX, mas também a literatura contemporânea.JOÃO CABRAL DE MELO NETO E A SUA ENGENHOSIDADE POÉTICA

Por Luana Castro
Graduada em Letras

AULA 19
ATIVIDADE:
Leia o poema dos Sapos, identifique pelo menos duas figuras de linguagens, explique e dê exemplos das partes utilizadas do poema.




JOÃO CABRAL DE MELO NETO E SUA ENGENHOSIDADE POÉTICA


Catar Feijão
Catar feijão se limita com escrever:
Jogam-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo;
pois catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um, risco
o de que entre os grão pesados entre
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a com risco.
João Cabral de Melo Neto


Ao nos depararmos com o poema sentimos certa dificuldade em interpretá-lo, não é mesmo? Mas é natural que isso ocorra, pois trata-se de uma poesia introspectiva, baseada na reflexão, no desvendar da essência camuflada pela linguagem.

Mas primeiramente iremos conhecer quem foi este engenhoso poeta, para somente assim podermos nos inteirar de suas características pessoais.

João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999) é o mais importante poeta da geração de 45. Nasceu em Recife e passou a infância em engenhos de açúcar em São Lourenço da Mata e Moreno. Desde cedo demonstrava interesse pela palavra, pela literatura de cordel nordestina e desejava ser crítico literário.

Em 1946 ingressou na carreira diplomática e, a partir de então, serviu em várias cidades do mundo: Barcelona, Londres, Sevilha, Madri, Porto, Rio de Janeiro, aposentando-se em 1990.

Sua obra apresenta duas linhas-mestras: a metapoética e a participante. A linha metapoética abrange os poemas de investigação do próprio fazer poético. E a participante é aquela que tem como tema o Nordeste, com todos os problemas voltados para a questão social, tais como a miséria, a indigência, a fome, entre outros.

Uma das celebridades que retrata bem esta temática foi a obra Morte e Vida Severina, a qual revela a história de um retirante de 20 anos que sai em buscas de melhores condições de vida.

Dando prioridade à análise da poesia mencionada, percebemos que o artista parece não dialogar com um leitor comum, mas com os outros poetas. Podemos chamar isto de “Métrica do Intelecto”, no qual o “fazer poético” tem o seu sublime destaque.

Podemos perceber que ele utiliza um simples ato do cotidiano, que é o de catar feijão, e compara-o com a prática da escrita, ou seja, assim como os grãos devem ser minuciosamente escolhidos, as palavras devem ser muito bem articuladas para que haja clareza, no que se refere ao exercício da linguagem.

A afirmativa torna-se verídica ao analisarmos os seguintes versos:

“Joga-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na folha de papel
E depois, joga-se fora o que boiar.”

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola


AULA 20
ATIVIDADE:
Leia um trecho maior de Morte e Vida Severina e explique o tema abordado no poema com a produção de uma dissertação do tema tratado, faça analogias entre o poema e a atual situação dos nordestinos no Brasil.


POEMAS DA PRIMEIRA GERAÇÃO MODERNISTA

LITERATURA
Ao apresentarem linguagem e temática revolucionárias, os poemas da primeira geração modernista romperam com os moldes clássicos vigentes na poesia brasileira.


A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco para a literatura brasileira. À época, o movimento transgressor que tinha como objetivo derrubar qualquer tipo de influência europeia nas artes brasileiras não foi bem recebido pela crítica e pelo público, mas aos poucos foi ganhando uma enorme importância histórica. Tudo o que hoje é produzido no campo da literatura apresenta relação com a fase heroica do modernismo: não fosse o arrojamento da tríade modernista – Manuel Bandeira, Oswald e Mário de Andrade –, talvez nossas letras ainda estivessem sob o domínio dos moldes clássicos e dos padrões europeus.

O principal compromisso dos primeiros modernistas era com a construção de uma literatura genuinamente brasileira, uma literatura que falasse de seu povo e de seus costumes por meio de uma linguagem livre de arcaísmos, na qual os temas do cotidiano, o nacionalismo, o humor e a ironia fossem privilegiados. Na primeira leitura, os textos da primeira geração modernista causam grande impacto, visto o rompimento com o poema clássico, cuja preocupação era, essencialmente, com a forma – daí o grande embate com toda a poesia produzida, principalmente, pelos escritores parnasianos.

Para mostrar para você um pouco mais sobre a produção literária da fase heroica do modernismo brasileiro, selecionamos cinco poemas da primeira geração modernista, poemas que abriram caminhos para grandes escritores da prosa e da poesia, nomes que foram influenciados pelo estilo e despojamento literário impressos nesses textos, entre eles o grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Nesses poemas, você encontrará a fina ironia, o humor e uma interessante relação dialógica com poemas clássicos de nossa literatura. Boa leitura!

Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Oswald de Andrade

Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

Oswald de Andrade

Debussy

Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Um novelozinho de linha . . .
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai . . .)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psio . . . —
Para cá, para lá . . .
Para cá e . . .
— O novelozinho caiu.

Manuel Bandeira

Moça Linda Bem Tratada

Moça linda bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.

Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.

Mulher gordaça, filó,
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...

Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terremoto
Que a porta do pobre arromba:
Uma bomba.

Mário de Andrade

Eu sou trezentos...

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!

Abraço no meu leito as milhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.

Mário de Andrade

Por Luana Castro
Graduada em Letras

TERCEIRA GERAÇÃO MODERNISTA

LITERATURA
Ruptura com a 1ª e a 2ª fase modernista, experimentação estética e a busca por uma nova expressão literária foram as principais características da terceira geração modernista.


A terceira geração modernista, também conhecida como Geração de 1945, desenvolveu temáticas e estéticas diversas às gerações anteriores. Nas fases precedentes, sobretudo na primeira fase modernista (1922-1930), havia uma grande preocupação em consolidar a Literatura nacional através de elementos que reforçavam a identidade brasileira nas diferentes manifestações artísticas. Os escritores da geração de 45 romperam com esse padrão, apresentando grandes inovações na pesquisa estética e nas formas de expressão literária.

Grandes escritores, preocupados principalmente com a pesquisa em torno da própria linguagem, surgiram, pois o contexto político, relativamente tranquilo em relação às gerações anteriores, fomentou o trabalho estético e linguístico, pois menos exigidos social e politicamente, puderam explorar com maior afinco a forma literária, tanto na prosa quanto na poesia. Em 1945, terminada a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, a ditadura de Vargas, o Brasil vivia um período democrático e desenvolvimentista, cujo ápice ocorreu nos anos de governo do presidente Juscelino Kubitschek.

Em virtude da grande discrepância com o padrão estético inaugurado por nomes como Mário e Oswald de Andrade e Manuel Bandeira — a tríade do Modernismo de 1922 —, muitos críticos literários consideram a terceira geração como pós-modernista, na qual se pode notar um rigor formal distante do proposto pelos precursores do movimento. Na poesia, um novo princípio literário surgiu, alterando assim a antiga concepção sobre o gênero: para os pós-modernistas, a poesia era a arte da palavra, rompendo assim com o caráter social, político, filosófico e religioso, muito explorado pela poesia da geração de 1930. Enquanto muitos retomaram a estética parnasiana, outros buscaram uma linguagem sintética e precisa, dando continuidade à estética de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes, grandes representantes da segunda fase modernista.

Coletânea de treze contos, “Laços de família” foi publicado em 1960. As histórias interligam-se através da temática: os desentendimentos familiares
Coletânea de treze contos, “Laços de família” foi publicado em 1960. As histórias interligam-se através da temática: os desentendimentos familiares

Na prosa, especialmente nos gêneros conto e romance, escritoras como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles aprofundaram a sondagem psicológica das personagens e introduziram inovações nas técnicas narrativas, quebrando a frequência e a estrutura do gênero narrativo, canonizado na fórmula “começo, meio e fim”. Outros escritores, como Guimarães Rosa e Mário Palmério, dedicaram-se ao regionalismo, estética muito desenvolvida nos anos 30, renovando-a. No caso de Guimarães Rosa, a inovação atingiu fortemente a linguagem, através do emprego do discurso direto e do discurso indireto livre, revolucionando vocabulário e sintaxe:

Considerada uma das mais significativas obras da Literatura brasileira, “Grande Sertão: Veredas” apresenta linguagem inovadora e grande originalidade
Considerada uma das mais significativas obras da Literatura brasileira, “Grande Sertão: Veredas” apresenta linguagem inovadora e grande originalidade

Destacam-se como nomes de maior expressão da terceira geração modernista:

→ João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
→ Clarice Lispector (1920-1977)
→ João Guimarães Rosa (1908-1967)
→ Ariano Suassuna (1927-2014)
→ Lygia Fagundes Telles (1923)
→ Mário Quintana (1906-1994)

*A imagem que ilustra o artigo foi criada a partir de capas de livros dos escritores citados.


Por Luana Castro
Graduada em Letras

AULA 21
ATIVIDADE:
Faça um resumo por tópicos das características das três fases do modernismo. (Importante para a memorização das principais características de cada fase).



MÁRIO QUINTANA – O POETA ULTRASSENSÍVEL


"Amar: Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurros e palavras mudas que te dediquei....O amor é quando a gente mora um no outro."


MÁRIO QUINTANA



Diante deste aguçado e magistral lirismo não nos resta mais nada senão contemplarmos a magia e o encantamento presente neste fragmento poético.

Mário Quintana é, como dizia seus amigos e demais críticos literários, o poeta da simplicidade, das coisas mundanas. Seu labor poético era algo intrínseco à sua personalidade, realizado pela simples necessidade efêmera da escrita.

Referindo–se à estética de sua poesia, podemos identificar nuances Românticas e Simbolistas. Românticas em razão do intenso subjetivismo, mas não visto de maneira pessimista e egocêntrica. E simbolistas, ao tratar da temática do amor, característica extremamente relevante em seus poemas, nos quais percebemos um certo clima de misticismo pairando no ar mediante aos ligeiros traços ligados ao Surrealismo.

Podemos caracterizá-lo com sendo um romântico tardio, aliado a uma postura moderna, tanto na temática quanto na estrutura, mas que não deixou de ouvir os “sussurros” de seu coração e do âmago mais profundo de sua alma.

Para melhor compreendermos o seu perfil literário, observemos algumas de suas criações:

A RUA DOS CATAVENTOS

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

RITMO
Na porta
a varredeira varre o cisco
varre o cisco
varre o cisco

Na pia
a menininha escova os dentes
escova os dentes
escova os dentes

No arroio
a lavadeira bate roupa
bate roupa
bate roupa

até que enfim
se desenrola
toda a corda
e o mundo gira imóvel como um pião!

Conforme dito anteriormente, percebemos que o poeta retrata seu autêntico lirismo a partir de temas ligados ao cotidiano, de acordo com as suas peculiaridades, como bem demonstra nos poemas intitulados: “Da Discrição” e “Ritmo”, como também estabelece certo intimismo como quem dialogasse com o próprio leitor.

Ao nos depararmos com o soneto, identificamos algumas influências parnasianas no que se refere à forma, contudo, tal estrutura foi utilizada somente como força de expressividade subjetiva.

Por Vânia Duarte
Gaduada em Letras
Equipe Brasil Escola

AULA 22
ATIVIDADE:
- Pesquise e explique a diferença entre OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE - LINGUAGEM CONOTATIVA E LINGUAGEM DENOTATIVA.
- Explique também porque Mário Quintana era conhecido como o poeta ultrassensível.



PRÉ-MODERNISMO


O avanço científico e tecnológico no início do século XX traz novas perspectivas à humanidade. As invenções contribuem para um clima de conforto e praticidade. Afinal, o telefone, a lâmpada elétrica, o automóvel e o telégrafo começam a influenciar, definitivamente, a vida das pessoas.

Além dessas, a arte mostrou um inovado meio de comunicação, diversão e entretenimento: o cinema.

É em meio a tanto progresso que a 1ª Guerra Mundial eclode. Em meio a tantos acontecimentos, havia muito que se dizer, e por isso, a literatura é vasta nos primeiros anos do século XX. Logo, os estilos literários vão desde os poetas parnasianos e simbolistas (que ainda produziam) até os que se concentravam na política e nas peculiaridades de sua região.

Chamamos de Pré-Modernismo a essa fase de transição literária entre as escolas anteriores e a ruptura dos novos escritores com as mesmas.

Enquanto a Europa preparava-se para a guerra, o Brasil vivia a chamada política do “café-com-leite”, onde os grandes latifundiários do café dominavam a economia.

Ao passo que esta classe dominante e consumista seguia a moda europeia, as agitações sociais aconteciam, principalmente no Nordeste.

Na Bahia, ocorre a famosa “Revolta de Canudos”, que inspirava a obra “Os Sertões” do escritor Euclides da Cunha. Em 1910, a rebelião “Revolta da chibata” era liderada por João Cândido, o “Almirante Negro”, contra os maltratos vividos na Marinha.

Aos poucos, a República “café-com-leite” ficava em crise e em 1920 começam os burburinhos da Semana de Arte Moderna, que marcaria o início do Modernismo no Brasil.

Os principais escritores pré-modernistas são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Augusto dos Anjos.

Os marcos literários são, especialmente, o já citado “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha.

O Pré-Modernismo não chega a ser considerado uma “escola literária”, pois não há um grupo de escritores que seguem a mesma linha temática ou os mesmos traços literários.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras

AULA 24
ATIVIDADE:
- Leia resumos e sintetize A Revolta de Canudos, Os Sertões, A Revolta da Chibata, Canaã e o Almirante Negro.
- Pesquise e explique o que foi a República "Café com Leite".




VANGUARDAS EUROPEIAS



Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo: principais vanguardas europeias

LITERATURA
Conjunto de tendências artísticas oriundas de diferentes países europeus, as vanguardas europeias influenciaram as artes plásticas e a literatura em todo o mundo ocidental.

Você sabe o que são as vanguardas europeias? Saber mais sobre essa questão é fundamental para compreender as origens de um dos mais importantes movimentos da literatura brasileira, o Modernismo. Inspirados nas tendências artísticas que eclodiram na Europa no início do século XX, os modernistas brasileiros criaram um projeto artístico que tinha como objetivo inovar as artes, rompendo, assim, com os padrões clássicos que até então ditavam as regras na literatura e nas artes plásticas.

Podemos afirmar que na Europa não houve uma arte moderna uniforme, isto é, não houve um projeto artístico em comum que agregasse os artistas em uma única causa; o que houve foi um conjunto de tendências artísticas oriundas de diferentes países e com propostas específicas, ainda que próximas no que dizia respeito ao sentimento de inovação e à vontade de romper com a cultura passadista. A palavra de ordem era inovar, permitir que a liberdade criadora se manifestasse para que uma arte completamente nova, influenciada pela subjetividade e certo irracionalismo, pudesse substituir aquilo que já estava convencionalizado.

Paris era o principal centro cultural da Europa. Era natural, portanto, que de lá irradiassem as principais ideias artísticas que influenciariam não só o continente europeu, mas também o mundo ocidental. Essas tendências surgiram em um contexto histórico-político-social conturbado – antes, durante e depois da Primeira Guerra Mundial – e receberam o nome de correntes de vanguarda. A palavra “vanguarda” tem origem no francês avant-garde e significa “o que marcha na frente”, ou seja, as correntes de vanguarda antecipavam o futuro com suas práticas artísticas inovadoras e nada convencionais, compreendendo antes de todos aquilo que posteriormente seria considerado como senso comum.

Entre as principais correntes de vanguarda estão o Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. Conheça algumas de suas principais características:

Cubismo: A principal expressão artística do Cubismo foi o pintor espanhol Pablo Picasso. Depois dele, outros artistas reuniram-se para cultivar as técnicas cubistas até o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918. A convivência entre os escritores e artistas plásticos propiciou uma intensa troca de ideias e técnicas, o que possibilitou um interessante diálogo entre as diversas manifestações artísticas. Entre suas principais características no que diz respeito à pintura (campo onde o Cubismo se desenvolveu com maior expressividade), estão a decomposição das figuras em formas geométricas, a não retratação da realidade de forma real (realidade fragmentada), a não utilização da perspectiva e tridimensionalidade e o uso do humor. É importante observar que o Cubismo influenciou consideravelmente o Concretismo, movimento literário brasileiro surgido na década de 1950.

Futurismo: O marco inicial do Futurismo ocorreu com a publicação no jornal parisiense Le Figaro, em 1909, do Manifesto Futurista, escrito pelo italiano Filippo Tommasio Marinetti. O movimento, que chocou os meios culturais europeus em virtude do caráter violento e radical de suas propostas, difundiu-se principalmente por meio de manifestos e conferências, tendo maior receptividade na Itália, país de Marinetti. Entre as propostas do Futurismo – que encontrou maior penetração de suas propostas na literatura –, estão a destruição da sintaxe, a abolição dos adjetivos e advérbios, a abolição da pontuação e a destruição do eu psicologizante. Entre os principais adeptos do Futurismo na literatura brasileira estão os escritores Mário de Andrade e Oswald de Andrade, precursores do Modernismo no Brasil.

Expressionismo: Embora tenha surgido no final do século XIX, foi nas primeiras décadas do século XX que o Expressionismo alcançou seu auge. O movimento artístico surgiu na França e na Alemanha quando um grupo de pintores denominados de expressionistas e fauvistas propuseram o combate ao Impressionismo, tendência da qual eram oriundos e que dominava as artes àquela época. O Impressionismo era uma arte basicamente sensorial, uma vez que valorizava a impressão, isto é, o modo de captação da realidade. Durante e depois da Segunda Guerra Mundial, o Expressionismo assumiu uma postura mais combativa, denunciando os horrores do conflito e as condições desumanas às quais as populações carentes eram submetidas (elementos que se manifestaram com maior força na literatura). Entre suas principais características, estão a ênfase na subjetividade, a utilização arbitrária das cores, os traços fortes e o uso de formas dramáticas.

Dadaísmo: A Suíça, por ter se mantido neutra durante a Primeira Guerra Mundial, recebeu inúmeros artistas provenientes de outros países da Europa, o que propiciou o encontro desses “fugidos de guerra” que tinham a intenção de criar um movimento artístico para criticar, por meio do deboche e da ironia, a civilização decadente representada pelo conflito bélico. Dessa necessidade de escarnecer da situação social europeia, nasceu o Dadaísmo, cujas principais características foram, especialmente no que diz respeito à literatura, o humor e a irreverência, a agressividade e o ilogismo dos textos, a posição contrária ao capitalismo e o rompimento com as tradições artísticas, elementos que conferiram à arte dadá um caráter anárquico.

Surrealismo: O movimento surrealista teve início na França, mais especificamente em Paris, na década de 1920, com a publicação do Manifesto do Surrealismo (1924), do escritor francês André Breton. Entre as principais propostas de Breton, estava a junção da psicanálise à literatura e artes plásticas, o que despertou o interesse de diversos pintores. O Surrealismo destacava a importância de extravasar os impulsos criadores do subconsciente sem que houvesse qualquer tipo de controle da razão ou do pensamento. Essa técnica, quando transportada para a literatura, ganhou o nome de “escrita automática” e foi apoiada por elementos como o ilogismo, o humor negro, o devaneio e uso de imagens surpreendentes.

No Brasil, a manifestação de todas essas tendências inovadoras oriundas da Europa ficou conhecida como Modernismo, movimento que equivale ao Futurismo, para os italianos, e ao Expressionismo, para os alemães. O encontro dos principais artistas que seguiam as vanguardas europeias aconteceria durante a célebre Semana de Arte Moderna de 1922, evento que possibilitou a divulgação dos ideais modernistas, que emergiram principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, para outras partes do país. A partir de então, a arte e, sobretudo, a literatura romperiam com a tradição passadista e dariam início a um projeto artístico que privilegiasse a criação de uma identidade literária autônoma e alinhada com a cultura brasileira.


Por Luana Castro
Graduada em Letras

AULA 25
ATIVIDADE:
Faça um pequeno mural com figuras que ilustrem as principais tendências artísticas da época: Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo.


MONTEIRO LOBATO E SUA AUTENTICIDADE PRÉ-MODERNISTA

Conhecer o contexto histórico referente à determinada época é fator determinante para o estudo e a compreensão das estéticas que permearam a Literatura Brasileira.

O panorama social e político são fios condutores no que se refere à construção do perfil ideológico referente aos grandes artistas de uma forma geral, pois os mesmos se sentem influenciados por este “contexto” e manifestam sua visão por meio de suas obras.

Tal visão pode ter um caráter tanto negativo quanto positivo, podendo funcionar como uma espécie de adesão aos moldes, ou como forma de criticá-los.

Tão logo se deu a proclamação da República, o Brasil teve dois presidentes militares: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Este período, compreendido entre 1889 e 1894, ficou conhecido como a República da Espada, fase na qual ocorreram a Revolta da Armada e a Revolução Federalista.

A partir de 1894, com a posse do presidente Prudente de Morais, iniciou-se uma nova fase no cenário brasileiro: a República Café-com-Leite, na qual o poder concentrava-se nas mãos dos grandes fazendeiros, mais precisamente dos cafeicultores.

Desta feita, implantou-se uma enorme disparidade econômica, ou seja, enquanto o Sul e Sudeste desenvolviam de forma contundente, o Nordeste entrava em declínio em razão da crise da cana-de-açúcar.

O pior de tudo isso era reconhecer que o regime chamado “republicano” em nada contribuía para mudar este patamar, pois o poder se concentrava nas mãos da elite, enquanto as demais camadas sociais ansiavam por transformações.

Todo esse clima de insatisfação foi absorvido pelos artistas daquela época, e não obstante, Monteiro Lobato, através de seu livro de contos - “Urupês”, faz uma denúncia com referência a toda problemática que marcava a vida dos brasileiros, principalmente da região do Vale do Paraíba.

A criação do personagem Jeca Tatu, o qual revela o protótipo do caipira brasileiro, foi alvo de críticas por pessoas influentes e médicos sanitaristas, mas para a literatura, revelava um personagem totalmente alienado à sociedade corrompida, que por falta de recursos financeiros vivia de maneira medíocre e marginalizada.

As obras infantis por ele criadas sagraram-lhe como um dos melhores escritores de todos os tempos, que de forma transcendente conquistou seu público, fazendo com que suas criações se tornassem imortais. Entre elas destacam-se: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, Emília no país da Gramática, Histórias da Tia Anastácia, entre outras.

Vejamos agora uns fragmentos extraídos do conto - “Urupês”:

"Pobre Jeca Tatu! Como é bonito no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... p.90

Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço - e nisto vai longe.
Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram na toca e gargalhar ao joão-de-barro [...] Mobília nenhuma. A cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido [...] Nenhum talher [...] Nada de armário ou baús. A roupa, guarda-a no corpo. Só tem dois aparelhos; uma que traz no uso e outro na lavagem. [...] Seus remotos não avós gozaram maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco. Para quê? Vive-se bem sem isso." p.91

Notamos que aqui Monteiro Lobato retrata as péssimas condições de vida do caboclo frente à sua ignorância, vivendo num completo estado de inércia e desprovido de perspectivas quanto às mudanças do aspecto social.

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

AULA 26
ATIVIDADE:
Monteiro Lobato tem uma obra extensa e muito divulgada no país chamada " O Sítio do Picapau Amarelo", apesar de resistente à mudança ocorrida com a semana da arte moderna, ele cede e faz essa obra que é a sua apoteose, conheça alguns trechos ou leia o resumo da obra e faça uma resenha crítica da mesma.